26.6.13

o hábito
(isto é uma parte de mim, sem tirar nem por)
"É incrível a satisfação que advém do hábito, não achas? Se eu pudesse descrever o hábito eu diria que ele é como um amigo, um bom amigo. Se não fosse ele penso que eu, e muitas pessoas, estaríamos agora num lugar bem grande e bem perto da nossa insanidade mental. Quando todos os problemas e mais alguns são gerados, que faríamos nós sem o hábito? Hábito de comer, de dormir, de fazer certas coisas, andar por certos caminhos, conviver com certas pessoas, ultrapassar certas coisas...Pensa agora em tudo isso, sem o hábito. Era praticamente impossível e eu muito provavelmente daria em doida. É por isso que te escrevo esta carta, aparentemente sem nexo, mas na verdade tem muita lógica o que estou a tentar fazer. Pois eu sei que tu sabes tudo isto, e sei que sabes que me habituei a ti, mas por opção tua tive que me habituar de novo, mas desta vez a algo diferente: estar sem ti. E para ser sincera custou muito. Meu deus, se custou! Ainda custa mas, na verdade, já não custa tanto. Mas, sabes, foi o hábito que ajudou. Ele e uma pequena porção de força interior que ainda tenho. O hábito é muito bom, sim é. Contudo, não é nada fácil...Há momentos em que te deparas com decisões e tens que deixar o hábito fazer o trabalho dele, e o destino também. Talvez, não me sinto certa disso. Custa muito, muita coisa. Mas tens que te habituar, e daí? Nunca gostei de coisas fáceis e vai sempre custar qualquer coisa. Quebrou-se uma rotina de muito tempo para se começar, à força, um hábito que nós próprios recusamos a aceitar, mas não há escolha. Mas não te preocupes, não estive sozinha este tempo todo. Não, o hábito acompanhou-me ao longo do caminho. Eu com ele habituei-me a estar sozinha, a desistir, agir sozinha, a desiludir-me, a lutar sozinhaHabituei-me à mudança em mim à qual constantemente assisto, habituei-me a mudar a rotina, a não me prender às pessoas, às coisas...habituei-me a tanta coisa! Corrige-me se erro mas, há momentos que tem que ser assim, certo? Aqueles que damos por nós a fazer escolhas inevitáveis, entendes? Então desta vez também tive direito a duas opções. Se custou? Sim, muito mesmo mas para parar de sofrer eu tinha apenas duas escolhas: ou esquecia-te, ou habituava-me. E adivinha, eu preferi a segunda opção."

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